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21 junho 2010

A Pet Legacy

Hoje fazem apenas 20 dias desde que minha gata de estimação, Mia, faleceu em casa, ao meio de cobertores, aquecedores e outras formas que encontramos para dar conforto e mantê-la aquecida nas noites frias de fim de maio.
Em pouco menos de 1 mês ela enfraqueceu decorrente de diversas complicações, que começaram com um problema renal identificado no início do ano, uma infecção no olho e por fim, devido a condição frágil, infecção generalizada e anêmia. Isso é tudo que precisa ser dito sobre os últimos dias dela, pois nada que tenha acontecido com ela nesses dias mudou o legado que ela deixou para nós, sua família.

Já tivemos muitos animais de estimação... Cada um tem sua própria "personalidade" e deixa um legado diferente.
Tivemos o Fumaça, um gato siamês cinza escuro de olhos verdes. Porte grande, forte e para aqueles que não o conheciam, um tanto bravo e ameaçador. Mas quem o conheceu sabe que ele foi um gato companheiro e justo. Companheiro, pois não houve uma vez que ele não ficou ao lado de uma pessoa doente ou sozinha em casa. Justo, pois ele sabia retribuir aqueles que se preocupavam com ele.
Tivemos também o Foguete, um yorkshire, filhote do Foguinho (cachorro de meus primos). Ele era pequeno e apesar de aparentar ser um pouco fraco, era muito valente, uma vez até espantou um intruso do quintal de casa. Acima de tudo ele demonstrava uma alegria enorme de viver (adorava lamber a qualquer sinal de carinho).


A Mia era diferente também. Ela tinha algo de nobre, como se viesse de uma linhagem muito antiga de felinos. Sentava de forma elegante e deitava sempre numa mesma posição. Era também muito fresca, escolhendo o que comer e como comer. Mas também mantinha um lado meio vira-lata, talvez devido a seu nascimento e primeiros meses de rua. Ela adorava uma caixa de papelão para deitar e arranhar. E por muitas vezes caçava insetos como uma leoa.
Os últimos 20 dias deixaram claro como os animais de estimação preenchem espaços no nosso dia-a-dia. Ao chegar em casa, ela não está mais no sofá sentada esperando ou deitada dormindo. Ao deitarmos no sofá da janela, ela não aparece mais para se aquecer ao nosso colo, ou simplesmente nos "empurrar" para tomar o lugar que sempre foi dela.
É estranha essa conexão que temos com os animais de estimação. Tenho por vezes a sensação que assim como as pessoas que encontramos pelo caminho, os animais de estimação possuem uma função, uma lição a deixar. Cada um absorve a passagem de uma pessoa ou animal de maneira diferente e forma suas próprias conclusões.
Em 20 dias eu percebi uma lição deixada pela Mia. Nada que não seja novo, mas que sempre vale ser lembrado e re-lembrado. Nobreza não vem de nascimento. Vem das ações que você tem em cada dia, partindo das menores ações do cotidiano. Nobreza não se conquista pela força, mas sim é uma qualidade recebida por aqueles que se beneficiam dela.
Eu jamais saberei quanta falta sentirei dela nos dias que virão. Mas sou eternamente grato por todos os dias em que ela esteve conosco.

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